Bullying nosso de cada dia

DEZ ANOS
Em dez anos
Pode acontecer de tudo

VocĂȘ muda
Seus amigos mudam
Seus familiares mudam

Em dez anos
VocĂȘ pode amar
Dez pessoas diferentes

Ou uma sĂł

Em dez anos
VocĂȘ pode se perder
VocĂȘ pode se encontrar

VocĂȘ pode se ver
Se amar
Se machucar
Se doer

Dez anos
Podem ser marcados
Com uma Ășnica memĂłria
Feliz ou triste

Dez anos
Podem te transformar
Ou te manter

Os Ășltimos dez anos
Podem ter sido terrĂ­veis
Mas os prĂłximos dez anos
Podem ser incrĂ­veis

Esse poeminha foi feito hĂĄ anos atrĂĄs depois de dez anos estudando na mesma escola eu mudei de escola. Na minha antiga escola, eu era uma das poucas alunas negras, com uma opiniĂŁo prĂłpria, sem medo de me manifestar e isso me rendeu muitos anos de sofrimento numa escola extremamente preconceituosa. 
Quando saĂ­, eu finalmente me toquei do que acontecia e qual era o problema com aquilo. Hoje eu noto como todos aqueles anos foram extremamente prejudiciais pra mim, nĂŁo sĂł naquela Ă©poca, mas hoje tambĂ©m. Obviamente, eu levei um bom tempo pra conseguir me tornar quem sou hoje e lutar contra esse tipo de atitude. 
Bullying Ă© diminuir alguĂ©m, agredir, ofender, mas acima de tudo, prejudicar a forma como essa pessoa se vĂȘ, Ă© reduzir o amor prĂłprio de alguĂ©m a quase zero e ele estĂĄ entre as questĂ”es pouco abordadas nas escolas hoje em dia. 
E entĂŁo chegamos ao ponto principal: Por que questĂ”es tĂŁo importantes nĂŁo sĂŁo abordadas nas escolas? Quando falamos de bullying, falamos de exclusĂŁo e aĂ­ entramos nos temas: GĂȘnero, orientação sexual, identidade de gĂȘnero, classe social, raça, etnia... É uma lista enorme. 
Discutir e combater o Bullying Ă© importante. É necessĂĄrio. É essencial!
Hoje, estudo numa escola muito semelhante Ă  minha antiga escola, mas depois de um tempo, isso nĂŁo me afeta mais. 
Como as pessoas mais prĂłximas de mim sabem, eu tenho que ficar na escola a tarde alguns dias e saio da aula durante o perĂ­odo do recreio do turno da tarde. Nesse recreio eu conheci a Ana. A Ana estĂĄ na segunda sĂ©rie, tem sete anos, estĂĄ aprendendo multiplicação, tem as notas boas, um sorriso lindo, uma pele morena e o cabelo cacheado. A Ana vai de lenços coloridos pra escola, leva lanche de casa, Ă© retraĂ­da, nĂŁo brinca com ninguĂ©m e ninguĂ©m da sala fala com ela. Os alunos da sala fazem piadas sobre ela, nĂŁo a deixam brincar, jogam coisas nela e fazem da infĂąncia dela um inferno. 
A coordenação da escola sabe disso, mas obviamente, eles pensam que é só uma fase. Que isso não vai influenciar em como a Ana se sente por que ela é só uma criança, ela tem muito pela frente. Isso é preocupante justamente por que ela ainda tem muito pela frente. Por que ela ainda é uma criança!
Por mais que eu queira dizer que a Ana nĂŁo existe em 2015 em uma escola particular de boa qualidade e que ela Ă© uma simples referencia ao meu passado triste, eu nĂŁo posso por que a Ana existe e sĂł tem a mim como amiga. Uma garota dez anos mais velha que ela que nem sempre pode estar lĂĄ para ajudĂĄ-la. 
E eu a vejo e lembro de mim. Em como foi difícil curar todas essas feridas que o bullying me deixou e como vai ser difícil pra ela. Nenhuma criança deveria passar por isso.
O bullying nĂŁo Ă© um assunto batido. Falar sobre o Bullying Ă© importante. 
EntĂŁo, eis aqui minha proposta: Sexta-feira tem vĂ­deo novo no canal e nele eu vou especificar o que devem fazer, mas tenham em mĂŁos um cartaz, tesoura, cola, tinta e tudo o que possam usar pra fazer arte. 
Esse Ă© o inĂ­cio de uma campanha que estou criando: "Ombro amigo". Compartilhem a hashtag #ombroamigo nas suas redes sociais com as fotos dos seus equipamentos e juntos vamos começar a combater o bullying em nossas escolas. 
AtĂ© Sexta. 
#ombroamigo #6dias

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